sábado, 29 de novembro de 2008

terça-feira, 28 de outubro de 2008

INTELECTUALIDADE E PRECONCEITO

CASTAS DE INTELECTUAIS
As atividades terrenas são necessárias ainda que consideradas inúteis, obsoletas, idiotices, por algumas pessoas. Tudo tem sua razão de ser. Há quem considere o amor o sentimento mais nobre. Há outros que discordam. Há quem se julgue acima da inteligência da maioria. Há quem seja humilde o suficiente para ser reconhecido como tal. Há quem sinta orgulho da sua humildade, mostrando sua incoerência e sua falta de discernimento a respeito da humildade. Há de tudo no planeta. Essa diversidade é que faz da vida um jogo constante de incertezas. Dependendo da busca individual, nós podemos ser felizes com meia dúzia de bens materiais. Outros, esmagados pelos conceitos milenares, sofrem quando não extrapolam sobre ter mais do que ser mais. A pobreza não é uma doença. É um mal que a sociedade impõe para algumas pessoas. A exclusão social não é uma doença. Ela nasce do preconceito e da discriminação. Há quem monte grupos de intelectuais para discussões tão inúteis como tentar enxugar gelo com pano de algodão. O saber precisa estar disponível a todos. A educação e o conhecimento não devem excluir a maioria, servindo-se de uma minoria abastada, fechando-se em espécies de seitas com os olhos no futuro. Há pessoas interessadas em formar castas de intelectuais. Não há lugar para quem não possa pagar pelo aprendizado. Cursos são disponíveis para os ricos. Inventam módulos eternos para se atingir graus discriminativos e preconceituosos. Sabe mais quem pode pagar mais. Atinge a maestria quem tem conta bancária cinco estrelas. O trabalhador, que sua a camisa o dia todo, que se preocupa com o feijão com arroz dos filhos, está fadado a morrer na ignorância. A elitização é um câncer que muitos aprovam. A exaltação aos fundadores de instituições intelectualizadas ganha corpo e ameaça os mais humildes. A separação dos corpos e das mentes já foi tentativa de algumas cabeças que ousaram conquistar o mundo. Napoleão. Hitler. E há uma ridícula imposição de conceitos que tenta se definir como a menina dos olhos da criação. Nada mais presta no mundo a não ser os que fazem parte dessa casta de intelectuais. Precisamos conversar sobre nossas teorias. Não precisamos buscar ridicularizar outras crenças e instituições. O respeito é a tônica dos que preferem o diálogo no lugar da execração. Onde estiver os homens estarão os problemas. Não há liderança absoluta. Já foi dito que a unanimidade é burra. Precisamos respeitar e entender que somos neófitos em relação a vida. Somos todos teóricos e aprendizes. A descoberta de novos conceitos não pode atropelar os que já existem. Conceitos são apenas experiências. Faça a sua experiência em relação ao que se prega na sociedade. Faça sua escolha e respeite aqueles que caminham em estradas diferentes. Todas as estradas levam ao mesmo ponto. Ao ponto de interrogação.





























quarta-feira, 17 de setembro de 2008

LIBERDADE
Ágil como um míssil que rasga o céu para atingir um alvo que pulsa, meu amor se esvai em esforço supremo para alcançar a alma alheia. O ruído da morte não me assusta, mas eu amo viver. Não quero ver as águas dos rios e mares tingidas pelo vermelho escarlate do sangue inocente. Não pretendo deixar que as carnes apodreçam em valas no terreno que meus pés caminham. Lanço minha voz ainda que rouca e fraca para além das fronteiras, trincheiras e montanhas. Quem pode me ouvir que ouça. Sinto que todos são inteligentes para perceber a agonia que brota nos horizontes. Mãos acenam para um comitê fecundo de paz. Ainda que as bandeiras tremulem em mastros diferenciados pelo preconceito, entendo que somos uma só família a marchar pelos continentes. A águia que pia no meu país também solta seu grito em terras estrangeiras. O que nos separa não são os picos íngremes do Himalaia, nem as Cordilheiras dos Andes, nem a Serra do Mar, nem a Serra da Mantiqueira, é a ignorância pura e nojenta da discriminação racial. Na Terra há uma só raça. Uma só voz. Ouço orquestrações que desafinam e se desalinham do compasso divino da criação. Preferem a dor diante da escolha do amor. Conclamo os poetas, considerados loucos na roda existencial do materialismo, a se levantarem do túmulo e de mãos dadas com os poetas vivos, escreverem nas areias de todas as praias um hino à vida. Gracias à lá vida. Que não calem minha voz como já calaram as vozes dos mártires esquecidos em seus mausoléus. Venham todos os anjos do céu, para que provoquem um vendaval com suas asas diáfanas, derrubando os muros e construindo pontes acima dos abismos filosofais. Há uma gota de suor e uma gota de sangue que ainda não secaram na história planetária. Eu preciso saber da sua vida e quero que saibas da minha. Eu devo curar suas feridas para que possas curar as minhas. Não quero mais religião. Quero ação. Quero amor. Cansei-me de ajoelhar diante do imaginário, que resultou em facções depravadas, desprovidas do néctar divino e maculadas pelo vil metal. Meus olhos estão com as retinas posicionadas no infinito azul. Meus pés no chão. Meus braços abraçam seus braços. Quero-te como um irmão. Descubro tua tez e na altivez de um coração livre me vinculo a ti. Caminhemos juntos em direção aos que não enxergam a razão de viver. Eu sou você. Você é eu. Quebrem todas as correntes e espedacem os cadeados. Libertem-se. O terremoto das consciências livres acabará com os imbecis. Há um desejo incontido fomentando os passos de uma nova geração que não se envergonha em dizer que precisa de paz. Paz à todos.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

MINHA MÃE LINDA


UM PASSADO

UM PASSADO

Minhas experiências com as drogas chegavam ao limite da tolerância da alma. Pessoas queridas eram desfiguradas pelos efeitos do ácido lisérgico. A mente em fúria ansiava por uma reação que brotava no horizonte da vida. Os desafios eram torturantes. Corpo, alma e espírito, fundiam-se em um canto poético e desesperador em favor da vida. A marijuana, as anfetaminas, o lsd, o pervintim, estavam começando a perder terreno para a conscientização plena do estado real da existência. O privilégio de se ter uma inteligência, avançava sobre a dependência química. A guerra deveria ser intensa e eu não poderia ser clemente com meus inimigos. O álcool era mais um desafio. E desafios são para serem vencidos. Nós surgimos como minúsculos seres, espermatozóides em correria, para alcançar a luz no exterior do ventre materno. Eu me sentia um vencedor. Cheguei na frente de milhões. Não seriam as drogas e o álcool, que me faria prisioneiro pela vida toda. Exerciam um certo fascínio sobre minha adolescência promíscua. O mundo era muito pesado para minha frágil alma. A contra cultura avançava acenando para um futuro promissor. O movimento hippie lançava sua canção de paz e amor. Eram confusas as luzes que se acendiam diante dos meus olhos de pequeno homem. Entre as águas que definem a criança do adulto, lá estava eu, remando contra as marés. Nem criança e nem adulto. Um adolescente. Um estado vegetativo que faz brotar incertezas, medos, esperanças, desilusões, paixões, amor e pragmatismo. A sociedade sempre colocou responsabilidades para os adolescentes. No entanto, são raras as oportunidades que essa sociedade hipócrita oferece para eles. Eu me sentia disposto a suar sangue, a derramar lágrimas de dor, mas venceria aquele estágio de dependência química. Duas over doses anteciparam minhas expectativas. Eu precisaria renascer das cinzas como na lenda da fênix. E diante de uma cachoeira, águas rolando sobre pedras escuras, percebi que minha oportunidade chegava. Um desejo imenso de voltar para casa assumiu meu coração. Distante milhares de quilômetros, comecei meu êxodo pessoal a caminho de um calvário. As drogas não dizem o quanto será terrível a abstinência para quem ousar se livrar do vício. Suei sangue. Chorei rios de lágrimas. Senti meu corpo tremer em um arremedo do inferno de Dante. O passado está registrado em minha alma. As cenas estão claras e vivas. Hoje canto e conto minha liberdade para que ela seja a chave das algemas de quem se arrasta sobre seus vícios.

domingo, 1 de junho de 2008

AMOROSOFIA


A filosofia, a teologia, a teosofia, e outros estudos humanos, apresentam-se como alternativas para alimentar o mundo dos nossos questionamentos, cuja racionalidade sempre esbarrará nas incógnitas da criação. Aplausos sejam dados a inteligência dos homens. Diante dos seus feitos, em favor da vida, dobro meus joelhos e conheço a importância dos mesmos. Assim como a sabedoria milenar dos nossos ancestrais criou o que hoje nos permite uma reflexão profunda sobre os mais variados assuntos, permito-me criar, nesse micro mundo existencial chamado pensamento, a AMOROSOFIA. Ela permite que todos os outros princípios existam. Ela não afronta nem desnuda o corpo docente que estabeleceu o que chegou até nossos dias. A AMOROSOFIA atribui ao amor a criação do mundo. Tem como objetivo principal, promover um chamamento de todos, em iguais condições, para o amor incondicional, que não rotula, mas pinta com pinceladas indeléveis, transmutando o ser educado pelas pedagogias do medo, liberando-o conscientemente para a vida plena. Amorosofar é praticar a meditação no amor livre. E amor livre não é um movimento acorrentado, cercado de cadeados conceituais, ele é o que você desejar fazer em respeito ao que os outros escolhem como objetivos. Amar a água. O fogo. A terra. O ar. Amar as flores. Os animais. Os seres humanos. Ver a violência como doença de alma. Amorosofar é elaborar no interior do laboratório da alma, fórmulas completas de medicamentos que livrarão o planeta da nocividade de todo princípio ditatorial, se coloca como verdade absoluta. AMOROSOFIA é uma dança consciencial. É um abraço mental. É um aperto de mão espiritual. Em cada criatura existe uma semente adormecida que receia brotar em razão do medo que cresce como erva nociva na sociedade. A AMOROSOFIA nasce como bálsamo para a dor da opressão física e psíquica. Não há quem não possa fazer parte dessa realidade. Amar não exige sacrifícios. Não é intolerante com a humildade de quem não tem o saber. O amor é um habitante pacífico que insiste em trabalhar no interior vazio de consciências mórbidas que se arrastaram pelos milênios sem ousar. A AMOROSOFIA está te chamando. Nasce com a sua vontade em fazer do planeta uma casa de todos nós. Sem privilégios. Sem máculas condenatórias que não nos permitem caminhar com nossas próprias pernas. A AMOROSOFIA fará de cada um de nós, criaturas suficientemente capazes de voar na direção de nós mesmos, onde estão as respostas para nossos questionamentos. Sejam bem vindos.

segunda-feira, 26 de maio de 2008



SE EU FOSSE UM DEUS
Se eu fosse um deus, criaria pássaros belíssimos e permitia que eles voassem pelo mundo todo enfeitando todos os céus. Permitiria que existissem os ribeirões, rios, mares e oceanos com suas águas a transportarem vidas e belezas. Povoaria todos eles, com milhões de peixes a disputarem a sobrevivência sem ferocidade e mortandade indiscriminada, alimentando-se do divino plâncton. Criaria as matas e florestas, milhões de árvores frutíferas, cobertas de flores, fazendo o equilíbrio necessário para a nossa oxigenação. Deixaria os pequenos, médios e grandes animais correrem pelas planícies, prados, soltando seus gritos de liberdade e vida plena. As borboletas cortariam os céus iluminando a terra com suas matizes de cores brilhantes. As chuvas desceriam pelas encostas das montanhas, engrossando os ribeirões e rios, formando as cascatas e cachoeiras de águas prateadas. Enfeitaria o céu a noite com estrelas e lua, planetas e astros que deixariam seus rastros de fogo sem a mínima destruição. O sol aqueceria a terra e os corações de todos os seres criados. Fortaleceria as folhas e flores das plantas. Provocaria o processo da fotossíntese na recuperação da vida em abundancia. Insetos, milhões, seriam pequenas preciosidades coloridas, ponto a ponto, no distanciamento entre o céu e a terra. Vulcões vomitariam fogo para livrar a pressão do solo e não permitir tragédias. Não haveria tsunamis. Nem terremotos. Os acontecimentos seriam suaves e equilibrados. A dança da existência tornaria a vida um desejo de viver. A morte não seria temida, mas não seria desejada porque a vida na terra seria a vida em um paraíso. A unidade perfeita na mais sublime das dimensões. O planeta Terra estaria configurado na benção maior de todos os outros mundos. As chuvas não seriam ácidas e nem haveria fogo nas florestas. A poluição dos ribeirões, rios, mares e oceanos não teria motivo para existir. O ar não seria rarefeito. Não haveriam partículas venenosas a competir com o oxigênio. O chão da minha cidade não estaria contaminado por escórias de chumbo. Se eu fosse um deus eu faria tudo isso e mais uma coisa que acho de muita importância. Eu não criaria os seres humanos. Não comprometeria minha obra prima com essa criatura ingrata e mesquinha. Se eu fosse um deus, seria um deus diferente para sentir o preconceito das pessoas. Se eu fosse um deus, não teria a forma humana, pertenceria a uma forma inexata, desafiando a raça humana a me aceitar como era. Se eu fosse um deus....

sábado, 26 de abril de 2008

COMPARATIVIDADE

Tento compreender a corrida insana da humanidade na elaboração e fomentação de discursos que tragam explicações sobre os nossos procedimentos físicos. Fica a impressão de que para cada ato humano existe um elo espiritual correspondente. Ou ainda, que somos máquinas programáveis nas mãos de inteligências acima da nossa compreensão. Se existe uma programação, ela não pode ser textualizada por mentes lúcidas e mais inteligentes. O mundo, desde que é o mundo, sempre caminhou sobre a égide da violência e do amor. São pares de uma filosofia dispare. Parece incoerente a afirmação. Mas, não haveria como dar compreensão ao amor se a ordem da comparatividade fosse quebrada. E a não existência do amor não produz a existência do ódio. Assim também a recíproca é verdadeira. Observo atentamente que, os milênios apresentam suas teorias novas, e a queda de conceitos tornam-se cada vez mais comuns em nossa sociedade. O que se pensava ontem, não se pensa hoje e não se pensará amanhã. Isso eu entendo ser natural. E isso não tem significado dogmático e nem conceitual. Não é uma nova ordem. Não é uma nova era. À medida que exploramos nossa mente, dando liberdade para que o pensamento crie e levante vôo desse plano físico e limitado, tudo pode acontecer. Não quero me iludir com novas teorias. Religiões, filosofias, ciência, não estabelecem a verdade ou verdades. Não busco verdades. No meu entendimento, o plano espiritual é algo que a individualidade de cada criatura desenha e pinta como quer. A sensibilidade de cada ser humano, dispõe de forma objetiva, para a sua própria satisfação, um enredo próprio para suas convicções. Não há um coletivo pensante na Terra. Há teorias. Conscienciologia. Psicologia. Terapias. O que me conduz para uma luz é a sintonia que nasce entre as minhas retinas e o foco em si. A luz pode ofuscar minha vista, daí eu a evitarei. Quando esse contato é agradável, meus olhos a aceitam e meu cérebro elabora um projeto de reconhecimento e aproximação. Há uma liberdade processual no interior de cada ser humano. Não somos criaturas programáveis ou programadas. Isso mata o direito cosmológico do existir em conformidade com o direito de escolher. Se sou programado, não posso assumir a responsabilidade de minhas ações. O computador é uma máquina que o homem programa para executar tarefas. Se as tarefas dão mal resultado é porque foram mal programadas. Não pelo computador, mas pelo seu criador. O homem é um criador e ao mesmo tempo um ser criado. Criar um bom programa significa ter um bom resultado. E a humanidade não é um bom resultado. Ela é uma miscigenação conceitual, onde a busca de valores acabam pisoteando a liberdade de se dizer sim ou não. Há quem se considere mais inteligente e use isso para produzir nas mentes um “modus operandis” adotado em princípios milenares na pedagogia do medo. Inferno e céu são criações mentais. São situações vividas no dia a dia. Um ato de amor significa céu. O contrário é o inferno. São formas figurativas para que haja um entendimento entre o bem e o mal.
A adoção de qualquer postura diante da vastidão intelectual que se renova em tempo avassalador, não pondera e provoca um auto-atropelamento, e o que se cria é mais confusão. O plano espiritual, se realidade ou não, a continuidade da existência, se realidade ou não, não modifica o caráter de quem quer que seja. A pessoa é que determina os passos a serem dados sobre a Terra. Os loucos, insanos, desprovidos da capacidade do raciocínio, pelas impossibilidades biológicas na formação do físico, não podem ser codificados como espíritos que viveram em vidas passadas em pleno sacrilégio daquilo que é considerado conceito religioso da maioria. Essa forma de pensar deixa tudo arrumadinho na prateleira da existência. E não é assim. O que há é uma vontade de se viver em paz diante das desgraças e da violência. E isso é possível na adoção de um sentimento apenas, o amor incondicional. A tudo e a todos. É o desafio que a humanidade não aceitou. Amar incondicionalmente.
Quanto mais complicamos nossas teorias, mais difícil fica a transformação dessa grande massa que não quer pensar. As mudanças são necessárias porque é uma questão de inteligência. Quem gosta da guerra? Os fabricantes de armamentos. Quem gosta da paz? Os seres humanos que abominam a violência e os conceitos separatistas. Eu transformo o mundo quando essa transformação dá-se em primeiro lugar na minha consciência. Independente de qualquer ensinamento ou pedagogia humana. É o eu comigo mesmo. Uma proposta justa e digna de qualquer ser pensante. Do intelectual ao homem simples. Da mulher a criança. A pedagogia mais eficiente, que não é intolerante, que não preconceitua, que não discrimina, chama-se amor. E amor é sentimento. Não existem universidades do amor. Não se diplomam pessoas pelo amor que possuem e doam. O amor nasce quando nascemos todos nós. O amor se dá a cada milésimo de segundo, enquanto dormimos ou caminhamos, para o que achamos ser evolução. Sobre qual ponto de vista? A teoria da relatividade pode ser aplicada em tudo o que é conceito. Por ser conceito não pode ser absoluto, já se falou isso na nossa história.
Então, diante do exposto, aprendi a viver pelo amor que tenho. Em acreditar no que vivo e sinto. A perceber que a igualdade humana é tamanha que me deixa absolutamente a vontade para não criar ídolos e nem santos. Não quero ser seguidor e nem ser seguido. Quero apenas viver na plena consciência de que sou o que sou para que todos sejam o que são. O que nasce na intenção de se tornar uma verdade, por si só, passa a ser a maior das mentiras. É o que penso, nem por isso é a sua realidade. Mas é a minha. E a vida é um misto de realidades e conceitos, sonhos e ideais, verdades e mentiras. Todos nós somos atiradores de pedras. Quem discordar que não atire a sua....



PRAGMATISMO?
Nossa sociedade já enterrou vítimas e heróis que morreram sob o peso maldito da violência. Continuará enterrando por décadas a continuar nesse caminho materialista e ignorante. Não somos solidários. Filhos e pais trocam palavras que dilaceram a alma. Separam corpos. Desagregam a família. Casais tornam-se tépidos nos sentimentos e de forma promíscua assassinam esperanças de um bom viver. As tragédias sociais são reflexos e causas daquilo que carregamos na mente. Estamos assumindo um estado deplorável de miséria espiritual em todos os segmentos. Há um princípio exulcerativo adoecendo a alma. Há um barulho ensurdecedor em cada espírito provocado pelo marulho das nossas ações ignóbeis. O evoé cresce como oferenda de orgias praticadas contra princípios que deveriam ser respeitados eternamente. Precisamos fazer crescer os arautos de um período melhor. Estamos pisando em areia movediça e afundaremos nossa história entre lágrimas e horror. Há um batismo imposto nas esferas do consumismo. Há espíritos anabatistas que se revoltam pela injúria praticada contra a liberdade de escolha de cada ser humano. O país chora suas tristezas diante de um anjo lançado contra o chão, caindo das alturas. Não se assustem, a violência está banalizada. Outros anjos virão. Mártires. Heróis. Trabalhadores. Sacerdotes. Freiras. Ambientalistas. Poetas. Ainda que o afincamento das idéias de paz seja robusto, o poder exercido pela política do materialismo, de mãos dadas com o consumismo, atropela a razão e o coração. O planeta entra em moratória na tentativa de provocar uma mudança na sociedade. Há cegos e surdos de plantão. O clima vivido é um processo pirético e doentio. O medo, a ansiedade, o estresse, a mentira, a hipocrisia, o preconceito, a discriminação, estupram o sacrossanto direito de viver em paz. Anjos são atirados de prédios, jovens são aniquilados pelas drogas, alcoólatras morrem em hospitais, prostitutas se infectam pelas ruas, políticos guardam dinheiro em paraísos fiscais, pobres morrem de fome, é a canção da sociedade. Diante da realidade minha alma torna-se híbrida. É preciso. Há esperanças, ainda que confusas e inexatas. A mudança é uma necessidade urgente. Você, eu, nós, devemos fazer algo agora. O amanhã é duvida. Ou acabamos com a violência, ou ela acaba com o país.
CONHECIMENTO
O mundo está repleto de crenças e movimentos espirituais. São bilhões de almas espalhadas pelo planeta Terra. Há preconceito. Há discriminação. Há busca. Há encontros. Desencontros. Informações. Mentiras. Ilusões. Um calendário imenso de besteiras e contradições é movido pelo pensamento de cada criatura. “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”. Não tenho que concordar com a maioria e nem me colocar ao lado da minoria. Sou o que sou para que todos sejam o que são. “Penso, portanto existo”. E o existir é mais que ficar patinando em discussões vazias e gélidas sob a égide do psiquismo. Viver experiências é o caminho mais saudável para se chegar a conclusões, principalmente as pessoais. E como penso com minha cabeça e não com o coletivo doente, faço dos meus pensamentos as minhas palavras. Há mistérios que não são reveláveis. Não existe uma forma de monopolizar as forças espirituais. Nenhuma religião, nenhum credo, nenhuma seita, nenhum pensamento filosófico pode ser dono do que se passa fora do perímetro do racional. Fora da racionalidade, onde não funcionam os instrumentos limitados dos seres humanos, o que acontece são vibrações psicobiofísicas livres e completamente inócuas aos efeitos materiais da nossa mente. A quem cabe a responsabilidade da vida? Quem foi o autor das obras divinas? Quem pintou o céu e o bordou com estrelas cintilantes? Não gosto de suposições, e diante desses questionamentos, não aceito explicações religiosas. São fúteis. São limitadíssimas. São manipulações de idéias. São formas pensamentos de esferas que já se foram e ainda perturbam o presente. Diante do icogniscível não devo me curvar e aceitar o primeiro bonde. Sou um ser de inteligência rara. Sou ser humano. Você também é. Como se enfileirar nessa procissão de cobaias a caminho de um patíbulo escroto e profano? Os mistérios insondáveis da criação não nos pertencem. As cabeças ficam povoadas de conceitos e a alma escapa diante da inoperância da mente. Como disse um grande pensador: “Só sei que nada sei”. “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que possa imaginar nossa vã filosofia”. Discussões fomentam e exercitam a musculatura imbecil da nossa língua. São necessárias, afinal estamos engatinhando nos princípios eternos da espiritualidade. Somos amebas uniformizadas em desfile de gala pela estrada da nossa ignorância. A decorrência das nossas ações estão registradas no nosso dia a dia. Precisamos estudar mais. Paz a todos.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

À BENÇÃO IRMÃOS
Nas avessas travessias de sinais sagrados, criamos um trajeto de dor e inigualáveis repulsas dos outros seres a nossa figura envaidecida e ambiciosa. Há flores que sangram o vermelho inocente da pele de quem um dia foi senhor absoluto de todas as coisas. Água, terra, fogo e ar são testemunhas imparciais da história. Não posso exibir um sorriso pleno no meu rosto que esconde um perfil de matador e exterminador implacável dos irmãos cuja pele tinha a cor do por do sol em dias de verão. A vida empobreceu nos meus tecidos e células. O silencio se abateu sobre minha alma. Meu espírito afugentou-se em sua inaudita clausura. As reflexões me condenaram a praticar um rosário eterno de perdão e me vejo pelos milênios com os joelhos dobrados em um genuflexório de indignação. Sou um elo de uma corrente que se formou pela incompetência na arte de amar. Sinto um aperto no peito e minha garganta se estreita pela presença de um choro cujas lágrimas secaram com o passar dos tempos. E o tempo me obrigou a ceder diante da verdade que não se cala, e se todos se calarem as pedras falarão. E deitado na relva mansa ao lado do riacho que conseguiu manter-se vivo e intocável no coração da mata, leio na formação divina das nuvens uma mensagem: “ Perdido em mim, não sei ser mais o que fui e nunca poderei deixar de ser. De mim me perco e me esqueço do que sou na precisão que já tenho de imitar os brancos no que eles são: uma apenas tentativa inútil que me dissolve na dor que não me devolve o poder de me encontrar. Já deslembrado da glória radiosa de conviver, já perdido o parentesco com a água, o fogo e as estrelas, já sem crença, já sem chão, oco e opaco me converto em depósito dos restos impuros do ser alheio. Resíduo de mim, a brasa do que já fui me reclama, como a luz que me conhece de uma estrela agonizante dentro do ser que perdi” (Thiago de Mello). E ao me aproximar do pequeno veio de água a percorrer seu trajeto abençoado, meu rosto surge imponderável na superfície do seu espelho. Um Carcará grita no topo da árvore. As folhas imitam um bailado de anjos. Algumas pétalas do Manacá do Campo lançam-se sobre meu corpo nu. Sinto um frescor agradável no coração da mata. Não resisto ao chamado e canto um cantar primitivo do que fui na algibeira do tempo. Ali, parado e pregado nessa constelação de pensamentos, abraçado e amparado na minha dor pessoal, conclamo o céu e a terra a editar glórias aos índios, meus irmãos espirituais e carnais que ainda lutam para sobreviver sobre o direito de serem os senhores de mim.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008



ESCALADA INGRATA
Quando iniciamos nossa escalada, como alpinistas incautos dessa montanha chamada progresso, encantados em alcançar o seu cume, iludidos pelos brilhos enganosos que víamos na sua superfície, não imaginávamos que teríamos que iniciar uma descida imediata para que escapássemos com vida. Essa aventura foi desde o início uma irresponsabilidade. Lá do alto percebemos que nada tinha para ser conquistado. O que imaginávamos ser importante para nosso conforto, além de ser fictício, mantinha em seu mistério, um preço muito alto, que nenhuma fortuna terrena poderia pagar. Essa descida precisa ser feita com muito cuidado. Sem atropelos. Conscientemente devemos ignorar os alpinistas relutantes em descer. Os que preferem morrer não podem arrastar outros para o mesmo destino. Os líderes dessa descida, devem ser o bom senso, o reconhecimento de que erramos demasiadamente na subida, a inteligência e o respeito pela vida de todos. Quem desejar cravar a bandeira da ignorância no cimo dessa aventura suicida, que gerou conflitos sérios entre o homem e a natureza, que o faça sem a minha participação. Sou alpinista de mochilas arreadas. Pés descalços. Retorno para o seio sagrado da existência na tentativa de recuperar o que ajudei a destruir. Minha descida significa a maior subida que já realizei fora dos parâmetros do dialeto mecânico da ambição a tudo custo.
Minha nova meta é a vida em função de todos os seres. Da água e das florestas. Dos insetos. Da permanência do divino a nossa volta. Na manutenção do céu azul. No canto dos pássaros. Ser alpinista dessa equipe suicida que sobreviveu diante da morte dos valores sociais, de líderes que defenderam a vida e morreram por ela, não inspira mais crédito e nem devoção. Repudio o momento em que iniciei essa escalada, ainda que cego pela manifestação que tomou conta do mundo. Milhões subiram e milhões morreram em função dessa escalada doentia. Milhões continuarão a morrer. Milhões serão poupados se entenderem que é chegada a hora de pisar firme no solo da compreensão e do amor a todas as coisas.
O mundo teceu sua malha pegajosa e ergueu templos para o deus consumismo lançando-se contra a vida nessa reação fundamentalista, radical, em nome do progresso. O que somos hoje? Senhores ou escravos? Saudáveis ou almas empedernidas pelas doenças que se espalham como tentáculos destrutivos? Não respondam. Reflitam e iniciem a descida em direção a vida.

BRASILEIROS
Cada criança que nasce em meu país, representa uma esperança de dias melhores. E o nosso povo aprendeu a viver de esperanças. Manipulado pelas forças políticas, sejam repressivas ou democráticas, situação ou oposição, a Nação Brasileira continua a servir de sustentáculo para um vilipêndio secular. A política de oposição, situação, esquerda, direita, centro, aprendeu a fazer do povo uma arma poderosa para suas predileções. Quando o cidadão de bem sai as ruas em busca de seus direitos, serve aos propósitos dos partidos. Oposição e situação convergem para um mesmo patamar, ou seja, a continuidade no poder, diante da perplexidade dos brasileiros que continuam na mesma. Nossa gente sempre esteve disposta a mudar os rumos dessa política secular que nos rouba freqüentemente. Que pisoteia nossos direitos. Que alicia ideais. Que navega nos mares da corrupção. Que fomenta a continuidade do analfabetismo, pois uma povo ignorante é facilmente manobrado. Soluções existem para tudo. Falta de água no Nordeste. Fome. Desemprego. Educação. Saúde. Porém essas necessidades básicas estão grudadas nas campanhas políticas e servem de palanque para promessas e mais promessas. Não há interesses em colocar um fim na pobreza e suas seqüelas. O povo precisa continuar a pedir para que o político continue a prometer. Cumprir com as promessas é uma questão de caráter. Pela nossa história, pelo que o povo já ofereceu aos setores políticos nacionais, mostrando-se confiante, esperançoso, teríamos que estar na frente de todos os países latino americanos, ainda mais, deveríamos ser a primeira ou segunda potencia econômica no planeta. Para onde foram tantos recursos aplicados? Quem são os grandes vilões da nossa história? Onde está nosso dinheiro, em que bancos internacionais, em que paraísos fiscais? Seria interessante que nosso povo exigisse respostas para nossos questionamentos. Seria interessante, que diante das eleições, firmássemos um propósito de colocar nosso voto nas urnas, mediante uma prestação de conta do Governo Federal sobre nossas finanças. Precisamos recuperar o que nos foi tirado durante séculos. Nosso calar permite que a continuidade da corrupta forma de governo infecte o Planalto Central. Quem cala consente. Meu povo anda calado. Cabisbaixo. Perdeu a vontade de lutar por seus direitos. São poucos aqueles que se levantam contra a impunidade. O cartão corporativo. Os desvios de verbas. O mensalão. A imunidade parlamentar é um processo permissivo para que as coisas continuem como estão. A cadeia deveria servir para prender todos os ladrões. Mas não é bem assim. Quem deveria ser isento dessa punição é o trabalhador brasileiro, ainda que, no desespero de manter sua família de forma decente, cometesse algum ato contra nossa Constituição. O passado grita. Não sou necromante, mas percebo na lembrança um pedido de socorro.


domingo, 6 de janeiro de 2008