quarta-feira, 17 de setembro de 2008

LIBERDADE
Ágil como um míssil que rasga o céu para atingir um alvo que pulsa, meu amor se esvai em esforço supremo para alcançar a alma alheia. O ruído da morte não me assusta, mas eu amo viver. Não quero ver as águas dos rios e mares tingidas pelo vermelho escarlate do sangue inocente. Não pretendo deixar que as carnes apodreçam em valas no terreno que meus pés caminham. Lanço minha voz ainda que rouca e fraca para além das fronteiras, trincheiras e montanhas. Quem pode me ouvir que ouça. Sinto que todos são inteligentes para perceber a agonia que brota nos horizontes. Mãos acenam para um comitê fecundo de paz. Ainda que as bandeiras tremulem em mastros diferenciados pelo preconceito, entendo que somos uma só família a marchar pelos continentes. A águia que pia no meu país também solta seu grito em terras estrangeiras. O que nos separa não são os picos íngremes do Himalaia, nem as Cordilheiras dos Andes, nem a Serra do Mar, nem a Serra da Mantiqueira, é a ignorância pura e nojenta da discriminação racial. Na Terra há uma só raça. Uma só voz. Ouço orquestrações que desafinam e se desalinham do compasso divino da criação. Preferem a dor diante da escolha do amor. Conclamo os poetas, considerados loucos na roda existencial do materialismo, a se levantarem do túmulo e de mãos dadas com os poetas vivos, escreverem nas areias de todas as praias um hino à vida. Gracias à lá vida. Que não calem minha voz como já calaram as vozes dos mártires esquecidos em seus mausoléus. Venham todos os anjos do céu, para que provoquem um vendaval com suas asas diáfanas, derrubando os muros e construindo pontes acima dos abismos filosofais. Há uma gota de suor e uma gota de sangue que ainda não secaram na história planetária. Eu preciso saber da sua vida e quero que saibas da minha. Eu devo curar suas feridas para que possas curar as minhas. Não quero mais religião. Quero ação. Quero amor. Cansei-me de ajoelhar diante do imaginário, que resultou em facções depravadas, desprovidas do néctar divino e maculadas pelo vil metal. Meus olhos estão com as retinas posicionadas no infinito azul. Meus pés no chão. Meus braços abraçam seus braços. Quero-te como um irmão. Descubro tua tez e na altivez de um coração livre me vinculo a ti. Caminhemos juntos em direção aos que não enxergam a razão de viver. Eu sou você. Você é eu. Quebrem todas as correntes e espedacem os cadeados. Libertem-se. O terremoto das consciências livres acabará com os imbecis. Há um desejo incontido fomentando os passos de uma nova geração que não se envergonha em dizer que precisa de paz. Paz à todos.