sexta-feira, 22 de maio de 2009

CONVERSANDO


Da sublimidade de um ser minúsculo, na comparação cosmológica, nesse processo humano de adivinhações, suposições, teorias, lanço-me em direção aos mistérios insondáveis do divino livre e procedente. Não ouso ultrajar a sensibilidade dos que estão aparelhados e submetidos aos dogmas. Toda instituição humana religiosa, peca na ignorância de digerir suas próprias vísceras na conformação teológica da criação. Conceitos são levantados como muralhas na separação do real e da fantasia. Entre esses dois pólos, nessa observação deformada pelas limitações da nossa racionalidade, fincam-se estacas na marcação de um terreno perigoso, roubado pela nossa vaidade e pelo nosso orgulho. Indefinições ganham a roupagem da castração e da submissão, que pintadas pela tinta da ilusão, douram-se na particularidade de seus próprios interesses. O mundo teoriza a criação e a criação trabalha incansavelmente na construção do próprio mundo. Nos conceitos ultrajantes da humanidade, a universalidade das coisas, os princípios naturais, a gestão da Sagrada Mãe Natureza, nada representam nesse carrossel de deuses e semi-deuses. A vida está presente em tudo. Sou a célula viva, máter, fecundadora, proliferadora, geradora, ainda que não seja o todo. O todo está composto pelas divisões e sub-divisões da cosmogonia que encanta o poeta e enlouquece o cientista. Na árvore genealógica existencial, não há um resíduo impróprio e nem uma gotícula inócua. Na composição que se reflete em nosso ser, sem as arbitrarias conceituações humanas, está presente o fogo, a terra, a água e o ar. Minha concepção não é o emaranhado de supostos discursos em nome da vaidade, do preconceito, da discriminação e da prepotência científica. O rato e a águia, o verme e o homem, a pedra e o magma, representam uma parcela do que somos nós. A ligação que nos une não fere. Os nossos ferimentos, ainda que indeléveis, na alma que vomita a podridão da sociedade calculista e nefasta, foram provocados pela ignorância em se manter o que considerávamos verdade. Nossos pés amassaram os princípios livres que habitavam o planeta, deixando-nos esse legado de prisões, conceitos, adivinhações e prosélitas formas de criar o incriado e de julgar de acordo com nossas necessidades. Resta-nos viver a mais linda canção que ainda resiste aos nossos próprios ataques...ou seja...o amor.