domingo, 29 de julho de 2007

SOU XAMÃ



Minha alma não se exaspera diante do fato real de que todos nós somos limitados no tempo e no espaço. O infinito não é concebível em nossa imaginação. Não cabe nos nossos contextos. Foge dos parâmetros do conhecimento metódico e mecânico recebido nas escolas. Eu não finjo viver. Eu vivo. Eu respiro, como, bebo, trabalho, penso e com isso posso afirmar que existo. E existir não é apenas fazer o que faço. Levo e trago para o interior do meu ser essa mesma infinitude inconcebível que se aflora nas esquinas da minha mente. Há sempre uma arapuca montada e pronta para me abocanhar. A mente invalida a alma. Mas a alma não morre apesar da mente. O tiro apaga o exalar que fomenta o corpo. Além do corpo, a bala nada consegue. Há palavras que são balas. Há pensamentos que são corpos. Há atitudes que são almas. Um passo dado na direção do impossível merece aplausos. Queremos possibilidades e não desafios. É cômodo romper com os princípios naturais. Explicar o inexplicável é carimbar a existência com tintas artificiais. Vem a primeira chuva e essa tinta escorre por entre nossas pernas. A ilusão que o mundo prega é tinta artificial. Sou o que minha alma é. Eu sou alma. Nada sou que faça brilhar o acaso. O vento arrasa os telhados e derruba árvores. As tempestades são conseqüências do temperamento humano. O planeta segue seu curso afogado pelas lágrimas dos que sofrem. Quem sofre faz o planeta sofrer. O cordão umbilical da vida é extenso para que possamos encontrar seu início. Nem sabemos qual a placenta que nos gerou. Humanidade é fruto e não árvore. Minha tez é símbolo do amor. Amor é fonte de vida. Não nasci pelo coito dos meus pais. Eu e estou presente no ar, na água, na terra e no fogo. Sou xamã e não tropeço nas calçadas das ruas e avenidas. Estou muito distante das concepções prolixas dos doutores. Se me fecham a porta eu passo através da fechadura. Sou terra roxa e pura. Estou na semente e na mente que persegue os fatos. Sou a calmaria e o afago que o vento faz nos cabelos das sereias em uma tarde qualquer. Estou no suor do negro que não consegue um lugar ao sol. Choro pelo preconceito e morro pela discriminação. Estou no morro pendurado em barracos. Há loucos que passeiam pelos bosques enquanto sábios são enclausurados nos manicômios. Os governos são tolos. Cegos e surdos. Eu sou xamã. Quem me concebeu foi a anfitriã das raízes. A Sagrada Mãe Natureza. Sou parte dessa realeza que na terra brotou. Estou em todo lugar. Se calar sua voz vai me ver passar. Se deixar de ferir vai me sentir. Se sorrir não irá me ver partir. Se me der calor vai receber meu amor. Sou xamã. Confuso para os obtusos. Sou canção tocada pelo coração. Eu pulso e vibro para que a vida continue a governar. Levante uma pedra e lá estarei. Afague uma folha e te responderei. Sou flor que aceita o toque da abelha na retirada do pólen. Sou xamã. Sou homem.

2 comentários:

Anônimo disse...

XAMÃ

Gostei muito do seu blog.
Mais um lugar de divulgação do seu trabalho em prol da Mãe Natureza.
Paz Profunda a todos que te acompanham.
Elizete Lee

Anônimo disse...

e meu amigo,...sssrrrsr

Beijinhos,
Biritib@