terça-feira, 14 de julho de 2009

ATITUDES

Há um medo que atormenta a alma humana e a persegue nesse tempo de modernidade. Olhares são profundamente desviados na tentativa de enganar a realidade. Há olhos voltados para o chão. Há quem olhe para as montanhas, oceanos, estrelas, lua, pássaros, flores, buscando preencher a alma com algo que não seja tão passageiro e sem luz. Há sorrisos que estalam de contentamento em seus repentes manifestados pelo abafar das angústias. Há braços que nos abraçam na liberação de um desejo de afago, sustentando a esperança que a alma reza em suas oblações íntimas. Esse é o quadro dessa sociabilidade equivocada. Onde o rico senta-se no próprio rabo enquanto o pobre dana-se ausente das cidades cosmopolitas. O dinheiro é o regulador e o fomentador do preconceito e da discriminação. Idealismos estão sendo engavetados no mesmo armário onde colocaram o amor. Há gavetas abarrotadas de sentimentos nobres, escondidos, quiçá preservados, para uma outra geração. Há olhos que choram no simples gesto de carinho que lançamos na direção das pessoas. A emoção congrega pela ânsia de transformação que almas inteligentes, eternas peregrinas, ousam cantar nas filas que se formam no culto ao deus do consumismo. Há quem pense que o ter é a oferta da ocasião, repudiando o que entendem ser meramente romântico, ou seja, o ser. Flutuam pelo espaço, miríades coloridas de sentimentos roubados dos cofres que sempre estiveram abertos, os corações dos poetas. Eles não se confundem com a carruagem da vida, que leva na sua viagem, alazões de ouro, atrelados aos seus infinitos cavaleiros de um zodíaco de amor. Há um contraste que estabiliza o viver para não permitir a ruptura definitiva da criação com as criaturas. Não sei até quando haverá essa respeitabilidade da Sagrada Mãe Natureza com a fragilidade das ações humanas. Há uma fome de amor disponível na fonte da vida, infelizmente obscurecida pela trava e cegueira da ignorância. Todos correm o dia todo. De carro. De moto. Caminhando no tosco dorso de ruas e avenidas. Calçadas transbordando de pessoas com expressões interrogativas e vazias. Quero viver no coração de cada criatura e tentar me mobilizar na disponibilidade divina que recebo da criação, na continuidade dessa existência, trôpega, esquálida, oferecendo o que de melhor tenho para que todos abandonem o ter e desejem ser. Ser o que verdadeiramente somos, seres humanos, nessa família criada pela condição divina dessa raça humana, que não define cor de pele, conta bancária, nem elabora um cardápio separando pobres e ricos. A dor do mundo é a minha dor. O amor do mundo é o meu amor. A cor do mundo é a minha cor. Há uma concessão mágica e invisível que nos permite ser e evita que adotemos a postura do ter. Muita paz a todos!

Um comentário:

Unknown disse...

Muito obrigado por suas palavras.

Um grande abraço irmão e muito LUZ!

Caio Pastore dos Santos