sexta-feira, 11 de setembro de 2009

ECOPROFECIA

As lágrimas não regarão o solo da desertificação. Não alimentarão os ribeirões, rios, mares e oceanos. Não refrescarão as árvores, as plantas, as flores e nem matarão a sede dos seres vivos. As lágrimas não atingirão nem o chão. A evaporação, provocada pelo efeito estufa será tão grande que nem lágrimas, nem suor, estarão presentes na vida humana. E não poderei culpar ninguém. Não poderei condenar. A humanidade conferiu a si mesma uma auto-condenação, destruindo a tudo e a todos. Fixou na alma o diploma da ignorância, exibindo-o para sua própria consciência idiota e mesquinha. Olhando para o planeta, na sua agonia final, em pleno ano de dois mil e nove, estendo meu pedido de perdão aos que virão depois de mim. Perdoem-me. Minha fala, meu empenho, minha devoção voluntária, meu ideal, meu grito, minhas ações, minhas poesias, meus escritos, minhas canções, não receberam crédito nesse festival de crimes ambientais e tecnologias insanas. Aprendemos que “cada ação provoca uma reação” e assim mesmo provocamos em demasia a divindade que há em tudo que foi criado. Apontamos para nossa cabeça a arma da bivalência mecânica e estouramos nossos miolos com os tiros em defesa do conforto e do progresso. Hoje podemos comprar a cama mas não podemos comprar o sono. Há um ruído ensurdecedor na nossa alma. Nas nossas entranhas. São gemidos de seres vegetais, animais e minerais. A vida está em todos eles. A vida pulsa e nos aponta um dedo em riste chamando-nos de perversos. Ar. Terra. Água. Três dos quatro elementos divinos, gerados pela força da liberdade natural, foram consumados pelo lixo que vomitamos e defecamos sobre o planeta. O fogo salvou-se pela sua capacidade de esterilização. Ecoará seu grito solitário sobre tudo e sobre todos. A Terra se converterá em uma bola incandescente e não haverá mais vida. Não sou Nostradamus que serviu-se de dogmas religiosos, do Apocalipse, para confundir mentes, conceitos e preceitos. Minha profecia emana da terra, do ar, da água e do fogo. Minha incubadora é a alma. Ela produz o elemento providencial para que minha voz não se cale. O amor a natureza. É no amor, pelo amor e com amor que imploro a compaixão da Sagrada Mãe Natureza. Não permita sofrer as crianças. Os jovens. Eles são herdeiros dos investimentos de uma época onde um novo deus surgiu e recebeu o nome de consumismo. Estou em suas mãos Sagrada Mãe Natureza. Faça de mim o que pretender. Só não me crucifique pela omissão. Não fui covarde e nem fui herói. Eu acreditei. E morrerei acreditando no que escolhi como ideal.

Nenhum comentário: