segunda-feira, 28 de setembro de 2009

XAMANISMO
Da sublimidade de um ser minúsculo, na comparação cosmológica, nesse processo humano de adivinhações, suposições, teorias, lanço-me em direção aos mistérios insondáveis do divino livre e procedente. Não ouso ultrajar a sensibilidade dos que estão aparelhados e submetidos aos dogmas. Toda instituição humana religiosa, peca na ignorância de digerir suas próprias vísceras na conformação teológica da criação. Conceitos são levantados como muralhas na separação do real e da fantasia. Entre esses dois pólos, nessa observação deformada pelas limitações da nossa racionalidade, fincam-se estacas na marcação de um terreno perigoso, roubado pela nossa vaidade e pelo nosso orgulho. Indefinições ganham a roupagem da castração e da submissão, que pintadas pela tinta da ilusão, douram-se na particularidade de seus próprios interesses. O mundo teoriza a criação e a criação trabalha incansavelmente na construção do próprio mundo. Nos conceitos ultrajantes da humanidade, a universalidade das coisas, os princípios naturais, a gestão da Sagrada Mãe Natureza, nada representam nesse carrossel de deuses e semi-deuses. A vida está presente em tudo. Sou a célula viva, máter, fecundadora, proliferadora, geradora, ainda que não seja o todo. O todo está composto pelas divisões e sub-divisões da cosmogonia que encanta o poeta e enlouquece o cientista. Na árvore genealógica existencial, não há um resíduo impróprio eParte superior do formulário. Parte inferior do formulário nem uma gotícula inócua. Na composição que se reflete em nosso ser, sem as arbitrarias conceituações humanas, está presente o fogo, a terra, a água e o ar. Minha concepção não é o emaranhado de supostos discursos em nome da vaidade, do preconceito, da discriminação e da prepotência científica. O rato e a águia, o verme e o homem, a pedra e o magma, representam uma parcela do que somos nós. A ligação que nos une não fere. Os nossos ferimentos, ainda que indeléveis, na alma que vomita a podridão da sociedade calculista e nefasta, foram provocados pela ignorância em se manter o que considerávamos verdade. Nossos pés amassaram os princípios livres que habitavam o planeta, deixando-nos esse legado de prisões, conceitos, adivinhações e prosélitas formas de criar o incriado e de julgar de acordo com nossas necessidades. Resta-nos, viver a mais linda canção que ainda resiste aos nossos próprios ataques...ou seja...o amor incondicional.

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